sábado, 30 de maio de 2009

Os Anões da Mina de Ouro

Há muitos anos a terra da Suécia foi invadida por uma grande horda de selvagens bárbaros e ferozes, e o rei estava com medo de que lhe capturassem a filha, a linda princesinha Singorra. Por isso, antes de partir para o último combate com os invasores, fez que se cavasse uma grande caverna no meio de uma floresta solitária, onde pôs uma quantidade de víveres e de velas, e ali colocou a princesa Singorra para estar segura.

Ninguém sabia o que era feito dela, a nãos ser o seu noivo, o jovem conde Svend, que a levou até o esconderijo e fechou a entrada secreta. Prometeu voltar e soltá-la logo que a batalha fosse ganha, mas infelizmente os suecos foram derotados. Os selvagens mataram o rei e seus soldados, e devastaram o país, oprimindo o povo. O conde Svent, ferido, foi transpotado por dois servos fieis para a Noruega, onde levou muito tempo a convalescer.

Entretanto, a princesa Singorra esperava na caverna, muito triste por ele não aparecer e abrir-lhe a entrada secreta. Então, vendo que estavam quase no fim os víveres e as velas que tinha, resolveuprocurar uma saída. Em vez de ir cavando na direção exata, ela fez, porém um buraco que ia dar a uma outra caverna debaixo da terra.

Acendendo a últina vela, entrou nessa caverna, e, encontrando ali um corredor, seguiu por ele a fora; por fim, chegou a um grande vale subterranêo que um rio muito largo atravessava. Lá no fim via-se uma grande fornalha, em torno da qual andava uma multidão de anões pequeninos e feios, muito ocupados em procuara ouro na terra e a tratá-lo depois na fornalha.

- Matem-na! Descobriu a nossa mina de ouro! Matem-na!, gritaram os anões, muito zangados, quando a viram.

- Não!, disse o rei deles. Ela é útil demais para que a matemos. Bem sabem que acabamos de perder a rã que tinhamos trazido da floresta. Precisamos de outra coisa que mostre o tempo que vai fazer, e nos avise de que vai chover e inundar-nos a mina. Ela serve. Olhem!

E tocou em Singorra com uma varinha esquisita, que a transformou em rã. Depois os anões pegaram num vaso de cristal, encheram-no de água, fizeram uma escada pequenina que ia do fundo do vaso até a borda, e meteram Singorra lá dentro.

- Agora saberemos quando vem chuva, disse o rei dos anões. Quando é tempo bom, Dona Rã empoleira-se no alto da escada; quando chove, senta-se lá no fundo, dentro da água.

Assim se tornou Singorra o profeta do tempo dos anões, e muito bom profeta. Aconteceu que nessa ocasião estav chovendo muito e prolangadamente lá fora, e, sem saber por que, Singorra desceu até ao fundo do vaso e ali se agachou o mais possível. Os anões pensaram a princípio que ela fazia isso porque se sentia triste e magoada por a terem mudado em rã. Mas , quando os caudais de chuva embeberam a terra e engrassaram as águas do rio subterrâneo, de modo que ele transbordou, apagando a fornalha e inundando a mina, tiveram pena de não terem acreditado na rã, e começaram a preparar-se para abandonar aquele sítio.

Nem um palmo de terra ficara enxuto. Fugiram à pressa pelo corredor até irem dar à caverna onde Singorra fora posta pelo rei seu pai. Vendo, porém que essa caverna era pequjena demais para caberem todos ali, abriram caminha uma noite até à floresta e começaram a procurar um lugar bastante grande onde pudessem viver algum tempo.

Felizmente não se esqueceram de Singorra. Os anões, agora já tinham fé no seu profeta do tempo. Puseram o vaso em cima de uma padiola, e dois dos anões pegaram nela e começaram a caminhar pela floresta escura. Nesse momento o bom e bravo conde Svend chegara à caverna com um exército para a soltar.

Os anões deixaram cair o vaso e fugiram, e Singorra saltou parafora e pulou para cima do ombro de Svend.

- Isto é muito estranho!, disse este. Pegou a rã com muito carinho e foi até à caverna, que encontrou vazia. Então, achando graça da rã, beijou-a, e ela imediatamente voltou a ser a linda princesa Singorra.

Depois de derrotar os selvagens, Svend casou-se com Singorra e foi o rei da Suécia, e encontrou na mina dos anões ouro bastante para reconstruir toas as vilas que o inimigo tinha arrasado.

Assim a aventura de Singorra algum bem trouxe e o povo veio a ser muito feliz.

(TESOURO DA JUVENTUDE: Livro dos contos)

sábado, 23 de maio de 2009

OS QUATRO MINISTROS SÁBIOS

"Certo rei de Benarés tinha quatro ministros muito sábios, um dia, porém, lembrou-se de impor ao seu povo uma contribuição tão elevada que seus ministros o aconselharam a não o fazer e o rei desesperado, desterrou-os.
Saíram os ministros de Benarés e passaram por um atalho trilhado por um camelo. Pouco depois encontrarm um mercador, e este disse-lhes que tinha perdido o seu camelo.
Um dos ministros perguntou-lhe se o camelo era coxo e outro queria saber se ele não era cego do olho direito; o terceiro indagou se tinha cauda muito curta e o quarto pergunbtou se não padecia de alguma doença do estômago.
- Sim, disse o mercador, descreveram-nomelhor do que eu próprio poderia fazer. Onde o viram?
- Nunca o vimos, respondeu um dos ministros, mas há vestigios dele pelo caminha.
- Como? Ah! bem sei, conhecem-no melhor do que eu, disse o mercador furioso, porque o encontraram e o venderam em seguida. Deixem estar; vou já quixar-me ao rei.
E assim fez. O rei chamou os ministros e ameaçou-os com prisão se não dissessem a verdade.
- Se nunca viram o camelo, disse-lhes o rei, como podem dizer que ele era caxo, de cauda curta e que sofria de alguma doença?
- Só vi no caminho três pegadas, disse o preimeiro ministro, e por isso deduzi que era coxo de uma pata.
- E eu vi, disse o segundo, que as folhas das árvores do lado esquerdo do caminho tinham sido comidas e as da direita estavam inatctas; donde conclui que o animal devia ser cego do olho direito.
- De espaço a espaço, disse o terceiro ministro, havia no atalho umas manchinhas de sangue. Parece-me que deviam ser por causa de mordiduras de mosquitos, e, portanto, o camelo não devia ter cauda muito comprida, porque se a tivesse afastaria os mosquitos.
- Observei, disse o quarto ministro, que as duas pats dianteiras se apoiavam fortemente na terra, enquanto que a pata sã, de trás, apenas tacava o chão; por isso deduzi que, se arrastava a pata traseira, é porque tinha uma doença interior.
O rei ficou assombrado com a sabedoria dos ministros e disse-lhes:
- Quando quatro homens tão sábios como vós me aconselharam, eu deveria ter seguido os seus avisos. Suspenderei imediatamente a contribuição e seguirei sempre os vossos conselhos, se quiserem voltar para o meu serviço."
Tesouro da Juventude: livro dos contos.
W.M. JACKSON, inc. Rio/São Paulo/Porto Alegre/Recife 1961.
Benarés fica na Índia. E essa é uma das muitas histórias que gosto de contar. Espero que tenham gostado!
Até a próxima.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Direitos Imprescritíveis do Leitor


Há muito tempo descobri que o leitor tem 10 direitos imprescritíveis. Estava participando de uma oficina de contação de história quando me deparei com eles. Então resolvi colocá-los. São eles:

01- O direito de não ler.

02- O direito de pular páginas.

03- O direito de não terminar um livro.

04- O direito de reler.

05- O direito de ler qualquer coisa.

06- O direito ao bovarismo (doença textualmente transmssivel).

07- O direito de ler em qualquer lugar.

08- O direito de ler uma frase aqui e outra ali.

09- O direito de ler em voz alta.

10 -O direito de calar.

(PENNAC, Daniel. Como um romance. Rio de Janeiro, Rocco. 1994)


segunda-feira, 4 de maio de 2009

Lenda do Boto


O Boto é conhecido como o conquistador da Amazônia. Existem varias histórias contando as proesas do sedutor caboclo, que nas noites de festa, se transforma em moço bonito para "endoidar" de amor as mulheres do interior.
Geralmente o Boto se apresenta vestido de branco, com um chapéu na cabeça para esconder o orifício no topo da cabeça, diz que por onde ele respira.
Depois de conquistar e seduzir a moça escolhida, o ele deixa de ser homem e volta a sua forma original.
A fama de conquistador trouxe alguns problemas para o boto. Seus órgãos sexuais e seus olhos são muito valorizados como amuletos na arte do amor. Acredita-se que quem olhar para algém que estiver de posse do olho do Boto ou de seu sexo ficará perdidamente apaixonado, sendo muito dificíl desfazer o encanto.
Deixo abaixo, o poema de Antônio Tavernard, poeta amazônico do início do século XX, musicalizado pelo maestro Waldemar Henrique, grande nome da cultura paraense.
"Tajapanema chorou no terreiro
Tajapanema chorou no terreiro
E a virgem morena fugiu no costeiro.
Foi boto, sinhô,
Foi boto, sinhá,
Que veiu tentá
E a moça levou
No tar dançará
Aquele doutô
Foi boto, sinhá
Foi boto, sinhô,
Tajapanema se pôs a chorar
Tajapanema se pôs a chorar
Quem tem filha moça é bom vigiar.
O boto não dorme
No fundo do rio;
Seu dom é enorme.
Quem quer que o viu
Que diga, que informe
Si lhe resistiu,
O boto não dorme
No fundo do rio".



sexta-feira, 1 de maio de 2009

Olho de Peixe Boto


Em 2003 resolvi participar de uma oficina de manipulação de bonecos (adoro teatro de bonecos). A oficina foi tão boa que resultou em um espatáculo chamado Olho de Peixe Boto, e teve uma temporada de um mês no Teatro Waldemar Henrique, aqui em Belém.




Os bonecos eram todos feitos de MIRITI, um material muito usado na confecção de brinquedo artesanal aqui no Pará, principalmente na época do Círio de Nazaré.





Os bonecos eram muito delicados, o que tornava difícil a manipulação.


A história era uma versão da Lenda do Boto. Qualquer hora eu conto essa lenda para vocês.

Beijão e até.


Olá amigos e amigas

Esta é a minha primeira postagem nesse blog que foi criado para compartilhar com vocês minha paixão pela arte, em especial pela Arte de Contar História.
Aqui irei contar muitas histórias, que li, que ouvi (da boca de grandes contadores de história) e que vivi. Também irei fazer alguns comentários sobre essa arte tão encantadora que envolve tanto crianças quanto adultos. Afinal todos temos uma boa história para compartilhar.
Espero que gostem e que participem da construção desse espaço.

Grande beijo.